Não sei quem esta acompanhando e quem esta sabendo mas amanhã será efetuada a troca de 1027 terroristas palestinos por Gilad Shalit, então estou postando aqui um texto que conta um pouco do que aconteceu e como chegamos até o presente momento nesta situação.
O soldado israelense Gilad Shalit, que tem também cidadania francesa,
foi capturado pelo Hamas na fronteira com a Faixa de Gaza, em 2006. Na
época, ele tinha 19 anos e servia no Exército israelense como cabo. O
militar foi promovido a sargento apesar de estar em cativeiro. Desde
então, diversas tentativas têm sido realizadas para alcançar um acordo e
libertar o soldado. O Hamas exige que Israel solte até mil palestinos
detidos em prisões do país.
Poucos sinais de que Shalit estaria vivo foram divulgados pelo Hamas
desde a captura, há quase cinco anos e meio. O último deles, um vídeo
de quase três minutos
(assista abaixo)
foi divulgado em 2009, em troca da soltura de mulheres palestinas. Nas
imagens, o soldado aparece com um jornal que circula em Gaza e pede que o
governo se esforce para conseguir libertá-lo. Não houve divulgação de
novos sinais de que ele estaria vivo desde então. Entidades
humanitárias, como a Cruz Vermelha e a Anistia Internacional, não são
autorizadas pelo Hamas a visitar o soldado.
Em 2007 o Hamas tomou a Faixa de Gaza depois de ter vencido as
eleições contra o Fatah, partido do presidente da Autoridade Palestina,
Mahmud Abbas. O Exército israelense havia se retirado do território
palestino em 2005, também removendo toda a população civil de
assentamentos judaicos no local.
Leia a seguir alguns dos principais momentos do processo para libertar o militar:
2006
25 de junho. O soldado é capturado na Faixa de Gaza em uma operação que deixou dois outros soldados israelenses e dois palestinos mortos.
26 de junho. O Hamas exige a libertação de todas as
mulheres e todos os jovens detidos em Israel em troca de Shalit. O então
primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, rejeita.
28 de junho. Em uma operação do Exército israelense em Gaza, 60 integrantes do Hamas são detidos, incluindo políticos eleitos do grupo.
26 de novembro. Uma nova incursão de Israel para
conseguir resgatar o soldado termina na morte de cerca de 400
palestinos, em sua maioria civis.
2007
9 de janeiro. O Hamas, que não permite o acesso de entidades humanitárias ao soldado, declara que Gilad Shalit passa bem.
25 de fevereiro. O então ministro da Defesa, Amir
Peretz, anuncia que Israel mantém negociações secretas para conseguir a
libertação de Shalit. Peretz não confirma se as conversações seriam
diretas com o Hamas.
8 de abril. Mediadores egípcios entregam a Israel
uma relação com cerca de 1,4 mil nomes que o Hamas exige que sejam
soltos em troca de Gilad Shalit. Entre eles aparece o nome de Marwan
Barghouti
(na foto acima), ativista e líder da Fatah preso em Israel desde 2002 sob acusação de assassinato.
2008
9 de junho. Por intermédio do ex-presidente americano Jimmy Carter, os pais de Shalit, Noam
(na foto abaixo, ao lado de cartazes com a foto do soldado) e Aviva, recebem uma
carta escrita por ele.
23 de junho. Quase dois anos após a captura, o
presidente da França, Nicolas Sarkozy, faz um apelo para que o Hamas
solte Shalit. O soldado é também cidadão francês.
24 de junho. A Corte Suprema de Israel rejeita um
pedido feito pela família de Shalit para que o Exército mantenha o cerco
à Faixa de Gaza até que o soldado seja resgatado. Apesar disso, o cerco
é mantido, e eventualmente leva à guerra entre Israel e Hamas no final
de 2008 e começo de 2009.
4 de setembro. Sarkozy entrega ao presidente da
Síria, Bashar al-Assad, uma carta dirigida ao soldado, escrita pelo pai
de Gilad, Noam. A Síria tem fortes laços com o Hamas.
30 de outubro. O Egito, um dos principais moderadores, declara que Shalit passa bem.
2009
10 de fevereiro. Embora tenha vencido
as eleições pelo Kadima, a líder do partido, Tzipi Livni, não consegue
formar uma coalizão de governo. O líder do Likud, que ficou em segundo
lugar, Benjamin Netanyahu, tem mais sucesso e assume como
primeiro-ministro.
17 de março. O governo israelense volta a rejeitar as condições exigidas pelo Hamas para conseguir a soltura de Shalit.
21 de abril. Ofer Dekel, israelense que lidera as negociações, renuncia.
29 de abril: O premiê Netanyahu diz estar “comprometido” em levar Gilad Shalit “são e salvo” de volta aos pais.
30 de setembro. Depois de um novo ciclo de
negociações mediadas pela Alemanha e pelo Egito, Israel aceita liberar
prisioneiras palestinas em troca de um vídeo de Shalit
(assista acima).
2 de novembro. Como resultado do acordo, 19
palestinas detidas em Israel são libertadas. Em troca, Israel recebe o
vídeo, em que Shalit aparece e pede que o governo se esforce para
resgatá-lo.
25 de novembro. Israel rejeita a libertação de comandantes do Hamas como parte de uma
troca por Shalit, sinalizando novo impasse nas negociações sobre o soldado.
2010
27 de junho. Os pais de
Shalit começam
uma marcha de 12 dias desde sua casa, no norte de Israel, em direção à
residência oficial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para
pressionar por uma troca de prisioneiros. A partir de então passam a
morar em uma tenda no local, que reúne apoiadores e manifestações.
3 de agosto. Às vésperas do ramadã, Noam Shalit, pai
do soldado, faz um apelo ”ao povo palestino, povo muçulmano, nossos
vizinhos e às famílias dos prisioneiros palestinos” ao ler uma carta em
um hotel de Jerusalém oriental. Na ocasião, ele respondeu a um
jornalista sobre a alegação de que a soltura de mil prisioneiros
palestinos em troca do filho poderia colocar em risco centenas de civis
israelenses, Noam disse, em tom de cansaço: “Sou apenas o pai de um
soldado capturado. Não lido com assuntos do Oriente Médio. É
responsabilidade do governo israelense cuidar para que o terrorismo não
volte”.
27 de setembro. Brasileiros que vivem em Israel
assinam uma petição e fazem um protesto diante da tenda da família
Shalit em Jerusalém pedindo a interferência do governo Lula na
libertação do militar. Na foto abaixo, brasileiros ao lado do pai do
soldado, Noam Shalit.
2011
3 de outubro. Centenas de prisioneiros
palestinos iniciam uma greve de fome em prisões israelenses para
protestar contra as condições carcerárias. Israel aumentou as restrições
sobre detentos palestinos para pressionar pela libertação de
Shalit.
11 de outubro. O governo de Israel e o Hamas anunciam um acordo para a troca de
Shalit e por mil prisioneiros palestinos.